Mercado financeiro aguarda novas definições sobre tarifaço
"Apesar das exceções, o chamado 'tarifaço' atinge diretamente produtos como café, cacau, carne e frutas, com potencial para impactar o agronegócio e exportadores brasileiros. A tarifa extra de 40%, somada aos 10% já existentes, foi anunciada como resposta a ações do Governo brasileiro consideradas por Trump como uma ameaça à segurança nacional e à economia dos EUA", diz o empresário Conrado Lima, sócio fundador e CIO da Care Multi-Family Office, empresa com sede em São Paulo.
A perspectiva de demissões em massa, perdas financeiras inestimáveis e reflexos negativos duradouros, têm deixado grandes investidores brasileiros apreensivos, diante do imbróglio provocado pelo tarifaço ao Brasil. Em paralelo, o estremecimento da relação comercial entre os dois países é preocupante também aos olhos do empresariado mundial, que sempre fez negócios com marcas nacionais, com harmonia e cordialidade.
Na verdade, as condições - e, no caso, as consequências - políticas têm o poder de impactar diretamente a confiança entre os investidores e, por extensão, o comportamento do mercado financeiro. A crise estabelecida pelo Governo Trump, ao usar o repentino aumento de tarifas como "moeda de troca" em relação a um fato com declarado fundo de ideologia política (envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro), pode abalar a confiança dos investidores e retrair inúmeros projetos.
O anúncio de Trump adiou - até 6 de agosto - a aplicação da tarifa, dando margem a possíveis novas negociações. Mas o tom do documento é duro. "Trump declarou emergência nacional com base na lei de poderes econômicos extraordinários", diz Conrado. "Ele afirma que está agindo para proteger os interesses americanos, como já fez em outros momentos de sua trajetória política. Mas a que preço para os produtores brasileiros?"