segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Solidão emocional

                                  



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA                                                    

                                          SOLIDÃO EMOCIONAL

Freud relatou a respeito do encontro que temos com o desemparo logo ao nascermos e, de como esta condição nos acompanha durante toda a existência. Pense bem: você estava em um lugar quentinho e, de repente, sai deste lugar para outro que é frio, barulhento e desolador e, porque não  confessar, muitas vezes, violento. Seu choro indica o desafeto com a situação. Mas logo é levado para perto da mãe e, ali, você encontra um acolhimento que te acalma e o choro se dissipa.

Como esta experiência nos dota de um desejo forte de estarmos conectados com outras pessoas, descobrimos que, se estes encontros, principalmente com os que são mais próximos a nós – a família – não são relações emocionalmente íntimas e saudáveis, angariamos para nós o que é chamado de solidão emocional.

A maior e mais significativa experiência de amor que podemos ter na vida é um relacionamento de afeto genuíno com nossos pais. Se por acaso tivemos pais emocionalmente imaturos, este enlace se tornará disfuncional, tornando-nos solitários e inseguros. Além disso, crescemos com um vazio interior muito grande, o que fará com que nossas relações no futuro sejam bem desafiadoras.

A solidão emocional passa a existir ou se intensifica quando convivemos com pais ou cuidadores que estão focados muito em si mesmos. Agindo assim, eles não notam as experiências internas dos seus filhos e, diversas vezes, minimizam as dores que estes filhos possam transfigurar.

O resultado deste tipo de vivência não é muito interessante. Crianças criadas por pais emocionalmente imaturos, certamente terão dificuldade de manter intimidade com outras pessoas, vão temer essa condição e, até terem dificuldade em oferecer apoio emocional a outras pessoas ao seu redor.

Isso acontece porque as vítimas de relações disfuncionais passam a ter um relacionamento em que se preocuparão com a própria cura. A questão é que como estas relações geralmente se iniciam na infância, uma criança não tem recursos para lidar com uma situação de desamparo, até porque ela é que precisa ser cuidada. Mas diante das dificuldades precisará ter alguma reação, movidas por conceitos nem sempre bem delineados. Tal ação é necessária, é instintiva para a sobrevivência, mas deixa um estrago grande na vida.

Na próxima semana continuaremos o assunto.


Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

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